A Estola Sacerdotal na IE

A Igreja Expectante e a Estola Sacerdotal
Por Sri Sevãnanda Swami, 2º Patriarca Expectante
(Extraído do volume II de “O Mestre Philippe, de Lyon”, pág. 230)


A Igreja Expectante: Não se pode chamá-la de “Mental”, somente, já que descansa, fundamentalmente (como cerimonial), sobre o culto aos Anjos, assim como em ensinamentos que são nitidamente Gnósticos de raiz, como se pode ver em suas Bases e Rituais.
Sendo contrário ao espírito desta Igreja fazer proselitismo ativo, não me estenderei sobre a mesma, dizendo apenas que: assim como víramos que o Martinismo tinha dotado e reconhecido, na Europa, a Igreja Gnóstica como mais apropriada para seus membros, assim foi julgado oportuno que, especialmente aqueles que se ligam ao ideal predicado pelo Mestre CEDAIOR, sobre a “Nova Era” e “Sexta Raça” etc., tivessem a possibilidade de viver a parte religiosa, o sentir devocional de tal ideal por meio da Igreja Expectante. 

É possível, e assim espero, que surja um dia uma pessoa, homem ou mulher, capaz de assumir o Patriarcado ou o Matriarcado de tal Igreja... Por agora, vemos na figura respectiva que o laço com a Via Mental, sarva (integral), está evidente na Estola que, além do símbolo Expectante, colocado sobre a nuca do Sacerdote (ponto de ingresso dos clichês...), e da Rosa Crística (ombro direito), traz o Loto Buddhista (ombro esquerdo) e, na frente, ainda tem o símbolo Taoísta-Budista do Yin-Yang, o da Igreja Brahmânica Oculta e o que unifica o símbolo Lamaísta da Swastika, com o duplo triângulo do laço entre dois mundos: divino e astral, ou astral e físico... 

Do outro lado, o Monograma de Cristo, ou Lábaro de Constantino, ou Selo do Verbo (repetido na garganta). Debaixo, o símbolo Sufi, do coração com asas... E a Cruz Egípcia de Ísis, a Divina Providência, sob certo aspecto. 

No Colar Patriarcal, constituído pelos 32 Tulasi grossos, oriundos do Tibete, e as 76 pérolas de Sândalo, pende a Cruz Expectante, feita pela união (macla, seria melhor) da Cruz com o OM, e do Bindhú com o Triângulo de Todas as Trindades.


O SIMBOLISMO DA ESTOLA USADA PELOS SACERDOTES EXPECTANTES

Sabemos que o exposto acima pelo Mestre Sevãnanda é suficiente para que a mente desperta perceba que a Estola Expectante é rica em simbolismo.
No entanto, o 2º Patriarca explicitou ainda mais os seus mistérios:


Na parte central, colocada sobre a nuca do Sacerdote, como já dito, encontra-se a Cruz Expectante. Exemplifica a amplidão do espírito no qual esta Igreja foi criada. A cruz de braços iguais, ”Cruz Filosófica”, Universal, Cristã, representa todas as correntes crísticas sem distinção de credo ou origem. O Sagrado Pranava OM (AUM) dos hindus, representando a trindade: Brahma – Vishnu – Shiva; função Criadora, Conservadora e Destruidora, respectivamente representadas e exemplificadas pelas três letras do Pranava: AUM, estreitamente entrelaçado na cruz, Ocidente e Oriente juntos e unidos.
O passado Oriental, base na qual se exalta a realização do presente para tornar possível o futuro. No alto, o Triângulo, oriental e ocidental, correspondendo ao Espírito que tudo preside, Espírito Universal Ocidental: Pai, Filho e Espírito Santo.

No centro do Triângulo, o Bindhú, que corresponde ao Olho Onisciente de Deus dos Ocidentais Cristãos. A “Vírgula”, abaixo, representa a Shakti, Energia Criadora Universal que age conforme a vontade do Pai, Feminina Intercessora.

No ombro direito, a Rosa Crística, que é para o Ocidente o que é o Lótus para o Oriente. É a flor mais perfeita de todas. Seu perfume delicado, suas pétalas em espiral – a Espiral é o símbolo do esforço de aperfeiçoamento – é a Vida Eterna que se renova constantemente e que ressurge sempre numa volta. No seu centro, os pistilos, amarelos, geralmente, falando de equilíbrio e sabedoria, que surgem ao fim do seu sacrifício, quando as pétalas de fora para dentro morrem para poder deixar finalmente ressurgir o Centro, a Essência. Para chegar à rosa, é necessário primeiro subir e colher os Espinhos - Caminho Humano. Símbolo da R+C Interior, que poucos conhecem. Rosa vermelha, sacrifício por paixão. Rosa Amarela, espiritualidade. E Rosa Branca, sacrifício por pureza.

No ombro esquerdo, o Loto Buddhista. O que para os Ocidentais é a rosa, para os Orientais é o Lótus, Padma, cultuado por Iogues, Brâmanes, Buddhistas e outros. Representa o Caminho Espiritual de Auto-Aperfeiçoamento. Tal como a procedência de todas as coisas criadas, ele tem as raízes enterradas no limo do passado, matéria-prima para toda matéria: Shiva destruiu o que Brahma construiu e que Vishnu conservou para que, dos restos da matéria primordial da criação representada pelo limo, Brahma torne a criar, em eterna ação espiral. Do limo e das raízes do lótus provém o longo caule que atravessa a água escura da vida natural em direção à superfície da Iniciação, tal as incontáveis existências do homem em direção à luz sendo movimentadas pela Água do Rio da Vida, para finalmente desabrochar em forma de flor harmoniosa ao Ar sutil da vida espiritual, abrindo suas pétalas ao sol, ao que oferece em sacrifício o próprio perfume de entrega: Devolução – Serviço – Verdade.

O símbolo taoísta–buddhista do Yin-Yang. O TAO é o símbolo do eterno movimento da Vida Universal do Buddhismo transcendental e iniciático. O círculo representa o Todo e o Tudo, o criado em forma perfeita. Dentro do criado, o constante movimento de atração-repulsão das forças da vida como expressão da vontade de Deus-Brahma por intermédio  da Shakti-Mãe Universal: Positivo-Negativo, Yin-Yang, Luz-Sombra. Mas nada é totalmente positivo nem totalmente negativo, se não tudo estaria sujeito ao caos. O Positivo contém a semente (Bija, Bindhú) do Negativo, e o Negativo contém a semente do Positivo. Assim, mutuamente estimulados, em constante guerra de atração e repulsão, criam-destroem o criado. O Esquerdo é igual-análogo ao Direito, e vice-versa. Por isso que, seja qual for a direção, esquerda ou direita, que o TAO for representado, ele está sempre certo, já que de qualquer forma e maneira o Yin e o Yang estão agindo, no positivo e no negativo. Os humanos, inquietos pela aparência que suas mentes lhes revelam, devem apagar o movimento da matéria mental para poder, então, perceber acima do plano de Maya, aquilo que é sem verso nem reverso: Transcendência.

Pax Christi, Monograma de Cristo, Lábaro de Constantino ou Selo do Verbo. É um Símbolo Cristão por excelência, o Símbolo do Cristianismo Esotérico sem repressão de nomes, corrente de pensamento ou necessidade humana.
Dentro do perfeito que é criado manifesta-se o poder do Verbo Criador pela vontade do Pai, surgindo como Filho que veio redimir a Humanidade. Lábaro quer dizer “bandeira”, “estandarte”. Numa passagem da história do Império Romano, em que o general Constantino marchou contra o exército de Maxêncio, imperador tirano que oprimia a cidade de Roma e toda a península italiana, conta-se que o general e todo o seu exército viram surgir no céu uma cruz e a inscrição “In hoc signo vinces”, que quer dizer “com este sinal vencerás”. Naquela noite Constantino sonhou que Jesus lhe aparecera e mandara que fizesse um estandarte com uma cruz e a inscrição que lhe aparecera no céu. O lábaro passou, então, a ser o símbolo da vitória.

Símbolo da Igreja Brahmânica Oculta. O coração Alado que contém o Sagrado Pranava AUM. A devoção em todas as suas manifestações, em todas as formas de expressão, única e Transcendente. OM! Bendito sejas TU que vieste nos ensinar o que ninguém nos ensinou.

A Estrela Sintética. Símbolo Lamaísta, com o duplo Triângulo entrelaçado contendo a Suástica Positiva ou espiritual representando o eterno laço entre dois mundos: divino–astral  e astral–físico, ascendente e descendente da vida, a transmutação do inferior no superior; dando se recebe e recebendo-se se dá. Representa toda a Sabedoria que nos foi legada desde antes de Moisés até os Martinistas atuais. O Visível entrelaçado com o Invisível; Causa e Efeito: Macrocosmo contendo o Microcosmo. No centro, a Vontade geradora de Energia que tudo move e sempre em espiral e rotativa: O Fogo Criador Universal, a Suástica, que o homem enxerga positivo e negativo, verso e reverso, embora seja “TUDO IGUAL A TUDO”.

O Símbolo Sufi. Os corações alados dos Sufis simbolizam os seus ideais. O coração é tomado de ambos os sentidos, o celeste e o terreno. A elevação do coração é indicada pelas asas abertas e estas representam, respectivamente, desprendimento e independência: desprendimento dos gozos mundanos e da arbitrária opinião, e independência na consciência do Amor, da sabedoria e do poder de Deus. O crescente no coração simboliza correspondência; é o coração correspondendo ao Espírito de Deus, que se levanta. A Estrela no centro do coração representa a centelha divina. Centro iniciático da religião Maometana-Islamita. Salve a Ti, Aquele que viste exemplificar a espontaneidade do comportamento dentro de Allah, o Transcendente, para chegar a viver a entrega sem peias e sem limites e principalmente sem forma: Seu fundador Pir-O-Murshid Inayat Khan.

A Cruz Ansata – Cruz Egípcia de Ísis. Um dos mais importantes símbolos da cultura egípcia. Era um símbolo de vida. A Cruz Ansata consistia em um hieróglifo representando a regeneração e a vida eterna. A ideia expressa em sua simbologia é a do círculo da vida sobre a superfície da matéria inerte. Existe também a interpretação que faz uma analogia de seu formato ao ser humano, onde o círculo superior representa sua cabeça, o eixo horizontal os braços e o vertical o resto do corpo. A mulher é representada no circulo superior e a reta representa o homem. Deus manifesta-se por meio da sua faculdade criadora, eterna e análoga em todos os planos. A vertical ascendente, portanto, voluntária e consciente, encontra em seu caminho a resistência necessária que não encontra resistência e está fechada ao fracasso, pois tudo o que é fácil demais não sobrevive. Assim, o ato criador no Microcosmo (Homem) é análogo com o ato criador do Macrocosmo (Universo). O amor sem resistência enfara e esfria. A senda espiritual sem provações se perde e não dá frutos. O que dá calor e movimento é a eterna tentativa de transcender barreiras entre Yin e Yang, a eterna batalha de vencer barreiras, vencer a horizontal da inércia que barra o caminho da Vertical da Vontade, tentando, até, alcançar desde o himineu até o Samadhi. A Cruz Ansata também era chamada “Chave do Nilo”. Os egípcios a consideravam uma chave mágica que abria a fronteira para a imortalidade.

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