A Grande Ordem e o Martinismo

Cavaleiros de Philippe de Lyon e o Martinismo
Por Thoth, 3º Patriarca Expectante e Grão-Mestre da GOCPL

“O maior infortúnio do homem não é ignorar a existência da verdade, mas, sim, interpretar erroneamente a sua Natureza.” 
(Louis Claude de Saint-Martin), o Filósofo Desconhecido.

Apesar de haver desvantagens em qualquer organização, é preciso reconhecer que os benefícios são maiores do que os malefícios. Sobre a Ordem Martinista podemos afirmar verdadeiramente que as vantagens são tantas e tão grandes que não vemos desvantagens. Em primeiro lugar, é uma das poucas Obras que não exigem aderência quanto à crença ou convicção. Qualquer que seja a crença do candidato, ele não precisa mudá-la ou tomar uma nova. Espera-se, contudo, que viva o mais alto ponto de sua concepção sobre sua crença.

Não precisa temer que haja alguma intenção egoísta na Ordem, pois cada novo membro apenas aumenta o trabalho de algum delegado, que poderia muito bem prosseguir com seu próprio desenvolvimento, sem ninguém mais. Não há taxas nem contribuições e as Instruções enviadas de tempos em tempos são gratuitas. O homem desconfiado perguntará: “Qual será o motivo para o aumento de membros?”

Um verdadeiro Martinista não trabalha por interesse pessoal, mas para trazer o ser de volta aos seus poderes primitivos. Passou o tempo em que os homens podiam afirmar estar realizando a Obra de Deus e da humanidade, vivendo como o povo ao mesmo tempo em que servem a si próprios e ao resto dos humanos. Os homens deixam de ser influenciados por esse tipo de obra cristã e são chegados os dias das mudanças desse  padrão. Até os homens que alegam ser "Apóstolos de Cristo" devem viver as suas vidas e também ser capazes de provar, através de suas obras, que possuem alguns dos dons mencionados na segunda parte do Evangelho de Marcos.

A Ordem Martinista mantém esta posição e a de igualdade entre os sexos quanto à  possibilidade de desenvolver os mais altos e Divinos dons.

O Martinismo não só mostra o caminho da iluminação, mas mantém e conduz, tornando SEGURO o NEBULOSO CAMINHO até ele. Representa os mais generosos, liberais e cristãos ensinamentos que são dados em qualquer organização, sem imposição  dogmática. Insiste, todavia, na vivência diária em comunhão com o LOGOS ou o VERBO.

Alguém se torna Martinista ao ser iniciado por outro Martinista que possui as qualificações apropriadas e a autoridade para conferir a Iniciação.

O Martinismo busca colocar o homem mais uma vez no caminho da Regeneração e Reintegração. Não tem outro propósito, nenhum outro objetivo. A Ordem e suas atividades serão de interesse exclusivo daqueles que são capazes de nutrir ideias místicas e os mais sublimes princípios. Muitos são chamados à mesa de alimentos, mas só serão convidados a permanecer aqueles que tiverem avançado suficientemente para ser aceitos no banquete espiritual.

Seus fundamentos são aqueles promulgados por MARTINEZ DE PASQUALLYS, em meados  do século XVIII, mas seu nome homenageia seu discípulo LOUIS CLAUDE DE SAINT-MARTIN.

As bases dos ensinamentos de Pasquallys foram transmitidas oralmente a grupos organizados e ordenados por ele. Esses grupos foram formados principalmente por francomaçons. A Maçonaria estava num estado de transição e a experiência foi um tanto confusa. Havia um conflito entre as tradições antigas do Esoterismo e as novas ideias do fraternalismo liberal. Pasquallys, CAGLIOSTRO e o CONDE DE SAINT GERMAIN apoiavam o lado do Misticismo genuíno da tradição antiga.

Se os ensinamentos de Pasquallys tivessem sido completamente aceitos e desenvolvidos, todo o caráter da França poderia ter sido diferente. Pasquallys, como se sabe, foi afastado de sua obra antecipadamente e não havia ninguém entre seus sucessores capaz de completar a transmutação.

JEAN BAPTISTE WILLERMOZ e Saint-Martin continuaram a perpetuar a Obra que Pasquallys havia iniciado, mas cada um tinha uma visão diferente sobre o que seu Mestre buscava realizar. Portanto, começaram a trabalhar em direções diferentes. 

Willermoz trabalhou para condensar as ideias de Pasquallys no modelo da Franco-Maçonaria e limitar suas atividades inteiramente aos homens.

Saint-Martin, por outro lado, se desinteressou pelas práticas e se dedicou mais à Via Mística ou Caminho Interior, ensinando tanto ao homem como à mulher cuja disposição espiritual fosse real.

Em 1890, o espírito agente entre os Martinistas era o Dr. GÉRARD ANACLET VINCENT ENCAUSSE, mais conhecido pelo nome de PAPUS. A ele muito se deve ter moldado a Ordem como a conhecemos hoje. Nossa Ordem, nos dias de hoje, se deve tanto a Papus quanto a Pasquallys ou a Saint-Martin. Uma história completa de nossa Ordem está disponível e todos os irmãos deveriam estudá-la.

Reunimo-nos como Martinistas não só para desfrutar de nossa associação mútua, não só para expressar meros agradecimentos por tais oportunidades, como as que a vida pode nos ofertar durante este curto intervalo terrestre de nossa existência, mas também para nos tornarmos artífices, a fim de que possamos participar do que pode ser corretamente chamado de “um projeto gigante de construção”.

Que fique claro a todos que o Grande Arquiteto do Universo concebeu e executou um plano magnificente. Como seres humanos, somos segmentos desse plano. Nos encaixamos nele de alguma forma, muitos de nós estão certos disso. Sabemos, no entanto, que não podemos nos separar completamente dele. Esse plano exige que sejamos agentes do Supremo Arquiteto e, como seus agentes, trabalhemos ativamente aqui na Terra.

Como Martinistas estamos associados uns aos outros para descobrir aquelas verdades do Plano Divino e construir uma ponte na lacuna existente entre a Ciência e a Religião.

Com esse piramidal preâmbulo, o campo está aberto para que eu possa expor o que me proponho: Mostrar como se trabalha no Plano da Construtividade Divina em prol da Evolução Humana. Assim, pois, vamos aos fatos:

Quando em Natal, Rio Grande do Norte, foi fundada A Grande Ordem dos Cavaleiros de Philippe de Lyon, em 19 de julho de 1986, eu jamais poderia supor, naquela época, que os Desígnios Superiores orientavam a formulação dos Estatutos da Ordem com assimilações Martinistas... Vejam bem: hoje A Grande Ordem é detentora de um autêntico Ritual Martinista “manuscrito” pelo Visconde Albert Raymond Costet de Mascheville, conhecido pelo nome de Mestre CEDAIOR, que militou muitos anos no Martinismo, na América do Sul, especialmente no Brasil. Colaborador de PAPUS, SÉDIR, PHANEG, LALANDE, CHAPAS e outros que seguiam a direção do Muito Excelso Mestre Amo PHILIPPE DE LYON.

E, no percurso dos seus trabalhos, CEDAIOR juntou a si um grande colaborador: seu filho, Dr. Jehel, havendo posteriormente a substituição do nome Jehel para SRI SEVÃNANDA SWAMI, muito conhecido por Mestre Sevãnanda, de nome civil Visconde Leo Alvarez Costet de Mascheville. Ambos, CEDAIOR e SEVÃNANDA, exerceram um intenso trabalho Martinista, como já disse, na América do Sul e especialmente no Brasil, onde ainda existem remanescentes na região Sul do país.

A história do Martinismo teve uma acentuada intensidade e foi muito florescente sob a égide de CEDAIOR — SEVÃNANDA.

Porém, como é comum acontecer, todas as coisas têm um período de marasmo, de uma forma ou de outra. Atualmente a semente germinada está brotando com excelso vigor, especialmente através d’A Grande Ordem dos Cavaleiros de Philippe de Lyon, pois ambas têm as mesmas modalidades e princípios, mesmo porque, na Grande Ordem, os Rituais e Cerimoniais seguem o Martinismo da linhagem PAPUS — CEDAIOR —  SEVÃNANDA...

Aqui estão, pois, os dados para o despertar de uma nova AURORA!

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