A Sucessão Apostólica da Igreja Expectante

A REMODELAÇÃO DO LABOR
Por Sacerdote Gérard, Coadjutor do Matriarcado

A palavra de ordem do postulante ao verdadeiro discipulado é AÇÃO. Ter o firme propósito de fazer todas as coisas de forma CONSTRUTIVA, COORDENADA, CORDIAL e CONCENTRADA, com a transparência no centro de tudo. O Labor Egregórico é isso.

No 3º volume da coleção “O Mestre Philippe, de Lyon”, página 165, sob o tema “Os que recusam ajuda”, está o ensinamento nº 26, que diz assim:
“É preciso agir mesmo quando persuadido de que se fracassará ou de fazer coisa inútil”.

Em outras palavras, ficar sentado, virar plateia, tornar-se mero observador, nada disso agrega valor e utilidade à Obra. O Expectante trabalha! Na busca da evolução espiritual, tudo que possa significar quietude ou quietismo é retardo. Não é possível ORAR nem MEDITAR por procuração. São tarefas intransferíveis. Resta, portanto, ao ser humano desejoso, dar o passo... Aguçar a auto-vigilância, treinar para identificar a origem, nascimento e natureza do pensamento, amansar-se, dominar os impulsos, atentar para a voz que vem de dentro, demolir o tribunal da mente objetiva e confiar... Vida moral, limpa, pura, pouca conversa e muito esforço interior, sem abandonar o mundo, nem os aspectos familiar e social. Este proceder consciente e a atuação da Mãe Providência colocarão, enfim, frente a frente, neófito e Mestre. Que o primeiro não titubeie para atirar-se aos pés do Segundo.
 

HERDEIROS DA TRADIÇÃO
Quase 60 anos atrás, nosso 2º Patriarca, Sri Sevãnanda Swami, após décadas de labuta como representante legítimo na América do Sul de várias correntes espiritualistas do Ocidente e do Oriente, propôs a Remodelação do Labor. Ou seja, ao apontar quais discípulos poderiam e deveriam assumir quais correntes no Brasil, ofereceu ao círculo de ajudantes íntimos a oportunidade de dar sequência ao Plano. As obras do Mestre Sevãnanda foram assim distribuídas por Ele:

AMO - Associação Mística Ocidental
Chefe: PEREGRINA, com Sarvãnanda (Sarva-Ioga) e Sarah (Suddha Dharma Mandalam);

Ordem dos Sarva Swamis e Instituto Juvenil de Yoga
Chefe: SARVÃNANDA, com Daya;

AÇÃO GERAL (Alba Lucis)
Sevãnanda, Sádhana, Sarah, Thoth, com Vivekadasa na sua qualidade de presidente da Fundação Philippe;

LABOR ESSÊNIO
Sevãnanda, com Sádhana, Sarah, Perseverante, Daya, Vivekadasa e outros;

AÇÃO SOCIAL E DIPLOMÁTICA (junto a governos e à República dos Cidadãos do Mundo etc.)
Sevãnanda, com Turydasa (Prof. Mário Teles de Oliveira) e com Vivekadasa; 

ECUMENISMO
Sevãnanda, com Sarah e com Thoth, sendo este último ajudado por sua esposa Zanti, e tendo assumido em 12 de julho de 1959 a função de COADJUTOR, mediante cerimônia na qual foi sagrado SACERDOTE EXPECTANTE. “Equivalência e Sucessão Apostólica de Bispo”, ressaltou o Mestre em artigo publicado na revista Alba Lucis, edição nº 1, páginas 18, 19, 20 e 21, de outubro de 1959.

Uma das atribuições conferidas a Thoth na cerimônia celebrada pelo Patriarca assessorado pela Sacerdotisa (Bispo) Sarah foi a de Sucessor Designado. Isto é, definiu-se, já naquele ano, que Thoth assumiria o Patriarcado da Igreja Expectante dentro dos 33 dias que se seguissem ao falecimento, ou ao desaparecimento pelo mesmo prazo, do Patriarca Sevãnanda, evitando-se assim ficar acéfala a Igreja...

Para melhor compreensão dessa Sucessão Apostólica que repousa sobre as costas de todo Sacerdote Expectante sagrado por Sevãnanda, Thoth ou por discípulos destes, segue trecho do que o Mestre Sevãnanda escreveu em seu livro “A Tradição e Eu, Carolei”, ainda inédito, parte do acervo de Tesouros Expectantes:
 

Capítulo Sexto: A GNOSE
“Chegamos a um momento grave da história da Tradição, Carolei! Trata-se de abordar agora o tema da Gnose, essa elite dos crentes e dos cristãos, que é para o Cristianismo mais ou menos como o Zen é para o Buddhismo: a procura da real essência daquilo que permitiu ao Mestre (respectivo) Ser o que Foi.

Sou, eu mesmo, nesta vida, Bispo Gnóstico devidamente consagrado e com Sucessão Apostólica que a mesma Igreja Romana se vê obrigada a reconhecer, já que, sem falar nos tempos antigos, a consagração de Sua Graça o Patriarca VALENTINO (Jules Doinel) foi realizada em casa de Lady Caithness, Duquesa de Pomar, por um Bispo oriental, assessorado por dois Sacerdotes. Isso, além da consagração que outro Bispo Gnóstico recebera, na Igreja de Utrecht, dos chamados Velhos Católicos, sendo esta última Igreja um rebento do Jansenismo, derivado da antiga Gnose. VALENTINO (Valentinius II) era, pois, sem contestação alguma, BISPO. Dele recebeu meu pai e Mestre Cedaior sua consagração, como eu a recebi Dele, além de ser também afilhado e consagrado pelo Bispo Gnóstico J. B. Clément, meu padrinho.

Tal posição me faz preferir, sempre que possível, citar a terceiros, no que se refere à Gnose e à Igreja Expectante, para permanecer o mais imparcial possível, tanto na luta que, contra a Gnose, têm mantido outras Igrejas, entre as quais a Romana destacou-se pela ferocidade, como também nas dissidências modernas que separaram a Igreja Gnóstica em diferentes setores, dentro de nenhum dos quais atuo, aliás, já que tendo o meu Mestre fundado a Igreja Expectante, sobre bases Gnósticas, Essênias e Buddhistas ao mesmo tempo (os termos empregados não dão ainda ideia da amplidão Expectante, que veremos a seu devido tempo) fico na minha posição de Sacerdote e Patriarca Expectante, e posso tratar de tudo quanto for Gnóstico, com uma simpatia tão reverente quanto imparcial, como um neto educado e grato venera e trata a seu avô”.

Em outro trecho do capítulo dedicado à Gnose em "A Tradição e Eu, Carolei", o Mestre Sevãnanda amplia a questão da Sucessão Apostólica:

“Finalmente, chego ao VALENTINO moderno, de quem falei no início do capítulo. Já expliquei sua Sucessão Apostólica externa, ou seja, a consagração por homens portadores de poder sacerdotal suficiente para transmitir tal sagração episcopal. Há, porém, um aspecto mais místico, mais interessante para nós, que veremos agora, antes de ouvir o que Valentinius II nos exporá sobre os dogmas modernos da Gnose:
Em 1886, Doinel, funcionário da Biblioteca de Orléans, acha lá um pergaminho notável. Documento assinado: ‘Stephanus chancellarius scripsit’, com a menção ‘Heresiarcos’, ou seja: Estêvam, Chanceler e Príncipe dos Heréticos, escreveu’. Como todo o documento é manuscrito, como a própria menção indica, Doinel teve a certeza de achar-se de posse de um dos raros escritos do Mártir de Orléans. Ora, pouco tempo após, em 1890, deu-se com Doinel um acontecimento místico de grande significado espiritual: no Oratório da Duquesa de Pomar, achavam-se reunidas umas dez pessoas, entre as quais: Doinel, um Grande de Espanha, um Barão de um castelo dos Pirineus e alguns luminares da vida oculta... Em certo momento, começaram sentindo uma presença, e houve um aviso – mediúnico – de prepararem-se os presentes para receberem ‘aos Bispos do Sínodo Albigense de Montségur’... Pouco a pouco, silhuetas se deixaram perceber pelos mais sensitivos e, pelos meios habituais no espiritismo, todos os Bispos deram seus nomes – desconhecidos alguns de quaisquer dos presentes, e que foram, posteriormente, verificados reais. O Patriarca Guilhalberto deu indicações e anunciou o ressurgimento da Gnose, por meio de um dos presentes que seria sagrado nesse mesmo recinto (aconteceu com Doinel, como já vimos). Logo, para espanto dos presentes, uma voz, fisicamente audível, proclamou:
A Bênção do Santo Pleroma e dos Eones seja convosco! Nós vos abençoamos como abençoáramos aos Mártires de Montségur! Amém, Amém, Amém!

Passado mais de meio século desde a proposta Remodelação, pano de fundo deste artigo, não se sabe muito sobre o que ocorreu com todas as Ordens que o Mestre Sevãnanda entregou aos da cúpula, já citados. Algumas mantiveram-se atuantes e vívidas até o desencarne de seus titulares. Outras entraram em aparente hibernação. E há aquelas que, tal como acontece com terras devolutas, ficaram sujeitas à cobiça de grileiros. Talvez prevendo que alguns de seus pilares entrariam em inatividade, desuso ou desvio, Sevãnanda lançou uma reflexão a seus auxiliares, mesmo aqueles que não se modificaram, não se entregaram nem se integraram totalmente ao Serviço Espiritual, mas que, no entanto, dedicavam-se a alguns ou vários aspectos do trabalho: “Arrisca-se todo colaborador que ajuda esta ou aquela Obra, pois sobre ele caem ataques inevitáveis", avisava. O MEM Philippe também ensinava que "Aquele que não tem inimigos é porque nunca fez o bem, pois, ao fazer-se o bem, geralmente só se arranja ingratidão”.

Sabe-se que a exceção, entre os discípulos diretos, foi Thoth, 3º Patriarca da Igreja Expectante. Trabalhou neste plano incansável e diariamente, horas a fio, até desencarnar, com quase 94 anos de idade, na preservação e perpetuação do Labor do MEM Philippe.
E o fez porque, como se afirma no alto deste texto, a palavra de ordem da nossa Egrégora é AÇÃO.

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