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1º Patriarca CEDAIOR - Parte II

A Venerável Figura do Mestre Cedaior (1872-1943)
(Compilação organizada por Thoth, 3º Patriarca da Igreja Expectante, a partir de biografia elaborada pelo 2º Patriarca, Sri Sevãnanda Swami, na obra “O Mestre Philippe, de Lyon”, Volume II, páginas 139 a 151, e publicada em La Iniciación, revista mensal do Grupo Independente de Estudos Esotéricos, editada em Buenos Aires, Argentina, numa série de sete artigos, com início em março de 1943.)

PARTE 2 de 6 - Publicada originalmente em Português no jornal oficial da Igreja Expectante, O Semeador da Nova Raça, AGO-SET/1978.

No número anterior do nosso jornalzinho fiz referência panorâmica à vida do homem, à vida material e social daquele que como Mestre e irmão conhecemos como “Mestre Cedaior”. Iniciarei neste artigo a história de sua vida iniciática.

Já lhes disse que quando Cedaior era ainda menino, aos 13 anos de idade, havia entrado pela primeira vez em contato com o MEM Amo Philippe. Efetivamente, um senhor, amigo da família de Cedaior, o levou à presença do Mestre Amo por haver achado algumas particularidades no menino. O Mestre Amo lhe olhou demoradamente, seguramente com a vista interna sobre o todo, e resumindo sua impressão com um sorriso perguntou ao menino: “Diga-me, pequeno, te agradaria ser útil em ajudar uma senhora que sofre de um terrível martírio?”.

O menino Cedaior não vacilou em responder com a afirmativa. Então o MEM lhe colocou a mão sobre a cabeça por alguns instantes e disse: “Diariamente o senhor que te trouxe até aqui te levará até o hospital no qual se acha a dita senhora, QUE TEM UM GRAVE CÂNCER NO SEIO. Tu colocarás as tuas pequenas mãos sobre o mal DURANTE UMA HORA, desejarás que se cure e pedirás a JESUS”.

Com perseverante alegria o menino Cedaior fez durante dez dias o que o Mestre mandara e, ao término dos dez dias, a senhora saía do hospital completamente curada. Que misterioso laço se estabeleceu entre o Espírito do Plano Crístico, o MEM, a vitalidade e o bom coração do menino Cedaior e a enferma assim curada?... A meditação lhes dirá se é que já não lhes disse sem nada dizer.

Profunda impressão deixou no menino Cedaior o fato referido. E, ao chegar a Paris para estudar no Conservatório, como já foi dito, seus pensamentos e sua leitura eram de uma seriedade pouco comum em pessoa de tão pouca idade, e dedicava-se a temas místicos e iniciáticos.

Aos 18 anos de idade cria uma “Sociedade Secreta” com alguns companheiros, na qual celebram ritos que eram uma síntese de adaptação dos mistérios egípcios e outros, visando especialmente à obtenção de estados de transe voluntário e consciente. Graves juramentos obrigavam os componentes. E um punhal de ondulada folha e cabo de marfim gravado com hieróglifos era, ao mesmo tempo, objeto de reconhecimento e de lembrança sobre o silêncio aceito.

Vários membros da sociedade chegaram a resultados curiosos. O próprio Cedaior já chamava a atenção de seus companheiros pela facilidade com que conseguia pôr-se em catalepsia por um período de tempo pré-fixado e sempre exatamente verificado, contando, no seu “regresso” ou despertar, tudo o que havia feito e visto, havendo muitos fatos que foram verificados como exatas visões à distância, do presente e do passado, e alguns até como previsões (pré-visões) de fatos ainda não acontecidos e que se realizaram tal como os descrevia o iniciado Cedaior.

Foi nessa época que visões e comunicações várias lhe anunciavam o nascimento de seus filhos. O primeiro devia ser reencarnação de um seu amigo de muito mais idade, químico e que efetivamente morreu quando Cedaior ainda não tinha seus 20 anos. O segundo devia ser retorno de um “Chela” brahmânico que tinha com Cedaior laços anteriores.

Em 1892, sendo já militar (como oboé solista e subchefe da banda do seu regimento) Cedaior conheceu o sargento Montagne, que o colocou em contato com o Grupo Independente de Estudos Esotéricos no qual Cedaior conheceu Papus, Barlet, Sédir e outros Mestres da época, inclusive dois magnetizadores que se fizeram muito amigos de Cedaior e que foram também seus futuros companheiros no Martinismo, Raymond e Moutin.

No mesmo 1892 Cedaior foi iniciado na Ordem Martinista pelo grande místico Sédir e recebeu os seguintes nomes: “Cedaior”, nome místico e simbólico, e o nome esotérico SDR/2-H (o que indica que foi ele o oitavo discípulo iniciado por Sédir).

Em 1893 achamos Cedaior como iniciado Martinista e logo como S.I. (terceiro grau) e na função de Mestre de Cerimônias da Loja Martinista Mística “HERMANUBIS”, que se dedicava especialmente à Via Mística e, dentro dela, preferentemente a parte oriental da doutrina.

É possível que isto tenha influenciado para “reavivar” o seu passado oriental (todos nós devemos ter um, Carolei!), pois que, durante certa época, os seus desdobramentos voluntários foram assistidos por Mestres do Tibet e de Allahabad, que até o levaram a prestar certos compromissos perante a chamada “Grande Loja Branca”, compromissos que lhe foram lembrados e exigidos mais tarde, como consta de seu “Libro de las Leyes de Vayu”.

Entre tais mestres, um deles chegou a “materializar-se” (sem a intervenção de fenômenos mediúnicos, é claro) em Paris, e fazer “prova de fé”... como aquela na qual Cedaior recebeu ordem para apontar um revólver para o peito de sua jovem esposa... e atirar... ficando a bala tremendo no ar e caindo no chão, ante o espanto dos quatro ou cinco que, com Cedaior, compunham um grupo muito fechado.

Embora não me seja possível fazer uma biografia “dia por dia”, devo citar aqui alguns fatos anedóticos que, para os que sabem, mostrarão que o então iniciado Cedaior tinha já sua Via bem traçada e que já havia sido permitido sabê-lo.

Certa vez Cedaior disse a Papus que tinha a possibilidade de fazer uma pequena excursão pelo interior da França, pelos lados de Rouen. Então Papus, que provavelmente tinha “suas razões” para isso, lhe deu uma carta coberta de sinais especiais para que, com ela, se apresentasse a um determinado ADEPTO, naquela época Patriarca Gnóstico, que vivia na calma província francesa.

Cedaior, jovem e solteiro ainda, não viu nenhum inconveniente em se fazer acompanhar em sua excursão por uma “amiguinha” que, por sinal, era pessoa mui curiosa, pois sua profissão era de “encantadora de serpentes”, com o que ganhava a vida em pequenos teatros.

Quando chegaram à cidade do interior na qual vivia o ADEPTO, Cedaior deixou sua amiguinha com as serpentes e se dirigiu só para visitar o Mestre, não sabendo exatamente a quem ia encontrar, pois Papus não lhe deu maiores detalhes, deixando assim o ADEPTO com plena liberdade de falar ou calar, conforme o que VISSE em Cedaior.

Perguntando pelo nome civil do ADEPTO, Chegou Cedaior no curtume no qual o dono, a pessoa indicada por Papus, o recebeu afavelmente e o fez visitar a indústria e, com grande surpresa de Cedaior, não disse uma só palavra de assuntos iniciáticos durante toda a manhã. Cedaior respeitou o silêncio, que podia ser uma prova. Perto do meio-dia o ancião anfitrião, de barba branca e imponente figura, disse a Cedaior: “Venha você almoçar comigo e assim poderemos conversar um pouco mais”.

Efetivamente, ao chegar a sobremesa, o Venerável ancião começou a falar de simbolismo, de sua interpretação, da Luz Astral e, de repente disse, mui afavelmente a Cedaior: “Creio que você já sabe que em todos os tempos a ‘serpente’ representou a luz astral, a vida e... também as paixões ou, pelo menos, a parte sexual da vida...” É claro que ao jovem Cedaior tais palavras pareceram uma direta alusão a sua companheira e uma prova de vidência do Mestre, o qual seguiu dando a Cedaior formosas explicações sobre a Doutrina. Porém, no meio delas sempre se arranjava para deixar claro ao Iniciado Cedaior que todo o seu passado familiar, material, moral, espiritual, enfim, de toda espécie, era para ele como um livro aberto.

No final de tal conversação Cedaior se sentia cheio de respeito pelo ADEPTO que de forma tão sutil lhe provava seus poderes e sua ampla tolerância para as debilidades humanas. Foi então quando o ADEPTO lhe disse ao despedir-se: “Você consagrará algum dia toda a sua atividade à Via Iniciática; irá a países de ultramar e ali terá sua missão mais efetiva e fecunda. Sangrará por seu caminho, porém os espinhos que lhe firam serão partes da planta que leva luminosas e fecundas rosas”.

Regressou Cedaior a Paris, cheio de entusiasmo pelos Mestres aos quais o mesmo Papus, por modéstia, indubitavelmente, reverenciava tão humildemente, e seguiu os caminhos que haviam sido indicados.

No Martinismo fez rápidos progressos, galgando a hierarquia iniciática. Em 1893 já era S.I. e Gnóstico. Em 1894 foi sagrado Bispo, por “Valentinius”, em Orleáns mesmo, e nessa oportunidade o Patriarca (Jules Doinel) lhe fez demonstração de vários poderes, inclusive o da profecia, ao dizer-lhe: “Tudo que fazes na França é apenas preparatório para ti. A tua missão pessoal é do outro lado do mar”.

Efetivamente, não obstante uma missão oficial no Egito, onde recebeu iniciações também, e tornou-se amigo de Mariette-Bey, o conservador do Museu do Cairo, após o casamento que motivara esta viagem, ficou ainda em Paris até 1910 somente. Foi nesses anos, pois, que trabalhou com Papus, com Sédir e com outros, tendo havido certo assombro, por ocasião de uma viagem do MEM Philippe a Paris, na qual diferentes Martinistas deviam Lhe ser “apresentados”, tendo Cedaior declarado que já O conhecia... E, pela primeira vez, referiu-se publicamente ao fato já narrado, ocorrido na sua juventude, em Lyon.

Em 1895 o encontramos já S::I:: (isto é, INICIADOR com poderes para formar discípulos). Tinha então 23 anos de idade e Papus o nomeou Delegado Especial do Supremo Conselho da Ordem Martinista.

Em tal qualidade Cedaior inspecionou muitas corporações e viveu com os Superiores Incógnitos do Supremo Conselho horas fecundas de aprendizagem, tanto da Doutrina como de suas aplicações. Já pertencia também à Ordem Kabalística da Rosa+Cruz e entrava assim em contato mais íntimo com Mestres tais como Stanislas de Guaita, Saint-Yves d’Alveydre, Péladan, Barlet, Oswald Wirth, Papus, Sédir, Lermina e tantos outros.

Assim aguardaremos no próximo número a continuação.

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