A Venerável Figura do Mestre Cedaior (1872-1943)
(Compilação organizada por Thoth, 3º Patriarca da Igreja Expectante, a partir de biografia elaborada pelo 2º Patriarca, Sri Sevãnanda Swami, na obra “O Mestre Philippe, de Lyon”, Volume II, páginas 139 a 151, e publicada em La Iniciación, revista mensal do Grupo Independente de Estudos Esotéricos, editada em Buenos Aires, Argentina, numa série de sete artigos, com início em março de 1943.)
PARTE 4 de 6 - Publicada originalmente em Português no jornal oficial da Igreja Expectante, O Semeador da Nova Raça, AGO-SET/1978.
Chega, pois, a Buenos Aires, no princípio de 1910, o Venerável Mestre Cedaior, e começa a “adaptar-se” ao ambiente, estudando as condições de vida, idioma, etc. E lançando as bases materiais necessárias ao sustento de sua família (esposa e filho) e dele mesmo.
Desde 1910 até 1914 suas atividades no terreno iniciático são bem mais reduzidas, compondo-se de visitas esporádicas a Lojas Maçônicas, a grupos teosóficos, a sociedades espiritualistas e a tomar contato individual com pessoas que pudessem chegar a ser futuros colaboradores de algo mais concreto. Do Martinismo e da Rosa+Cruz Kabalística nem sequer fala... Observa, classifica, compara.
Em 1914, pouco antes da tormenta mundial que ia converter-se em hecatombe, um dos Mestres Orientais com os quais Cedaior estivera em contato por várias vezes através de suas “saídas astrais” em épocas anteriores, especialmente entre 1895 e 1900, e ao qual, se pode dizer, viu materializado em mais de uma reunião de certos grupos místicos muito reservados, em Paris, um desses Mestres, como disse, “aparece” a Cedaior e lhe declara que “é chegado o momento” de cumprir uma missão que ele, Cedaior, aceitara uma vez, em certa reunião da Grande Fraternidade Branca, para a qual fora espiritualmente levado. Afirma o Mestre: “Virá a guerra, te chamarão, porém não irás”.
Cedaior afastado, como disse, das atividades superiores da iniciação, estranha esse regresso “não provocado por ele” do contato com os Grandes Mestres e espera que acontecimentos visíveis do mundo concreto venham confirmar as palavras do Mestre.
Efetivamente, surge a mobilização francesa, Cedaior é chamado e se apresenta ao consulado francês de Buenos Aires, no qual, com sua surpresa, lhe declaram “inapto” para todo serviço, em virtude de um defeito que permaneceu em um joelho, em conseqüência de uma queda ocorrida um ou dois anos antes no campo.
Volta a manifestar-se o Mestre Vayusattwa e Cedaior se inclina reverentemente, declarando-se “pronto” para executar o que lhe for indicado “a qualquer preço”. Segue-se a esse fato uma quantidade de acontecimentos que seria longo detalhar, porém cuja sucessão tratarei de resumir o tanto quanto possível:
1º) Nasce o segundo filho de Cedaior, em condições curiosas que são, para Cedaior, a chave da descoberta da Lei da Astrologênese e da Reencarnação Consciente ligada à Procriação Consciente, cujo detalhamento expõe em sua obra “Libro de las Leyes de Vayu”;
2º) De 1914 até 1919 a atividade iniciática do Mestre Cedaior se pode considerar caracterizada como segue:
a) Longos retiros e silêncio, nas meditações atento às instruções de seu Guru, cujas manifestações são quase diárias. Sob sua direção Cedaior escreve quase todo o “Libro de las Leyes de Vayu”. Algumas partes são somente comentários feitos por Cedaior à doutrina revelada pelo Guru e que constitui como um “evangelho” reservado aos que deverão constituir um dos núcleos precursores da Sexta Sub-Raça, nascida “potencial e cosmicamente” em 13 de fevereiro de 1916, segundo os ensinamentos de Vayusattwa.
b) Como é natural, o espírito de Cedaior, em união estreita com o seu Guru, se encontra cada vez mais afastado da atividade mundana e quatro longos anos de absoluta castidade, um desinteresse cada vez mais acentuado pela atividade profana e profissional desequilibram (se quisermos assim chamar) a situação material e familiar de Cedaior, que é cada vez mais poderosamente “levado” a romper todo laço para entregar-se à via livre aceitada.
c) Trata de difundir, nos ambientes em que está iniciaticamente relacionado, as revelações que tem obtido e, salvo poucas pessoas, sua ação não interessa às sociedades senão sob o aspecto cultural que interessa quase mais a Cedaior, pois o que ele busca é a realização de um núcleo inicial de seres que se preparem para a nova vida.
Sem dúvida, alguns teósofos, maçons e livres estudantes ouvem seus ensinamentos com interesse e, em homenagem à memória de uma dedicadíssima Colaboradora do Mestre, devo citar a extinta senhora Rose L. de Robinson, que ajudou a realizar uma versão inglesa do Livro de las Leyes de Vayu e colaborou muito moral, espiritual e materialmente em todas as empresas de Cedaior naquela época.
Uma das tentativas de Cedaior para difundir, simultaneamente, os ensinamentos gnósticos e rosacruzes, assim como a Doutrina da Nova Sub-Raça, foi a fundação da Igreja Expectante, em 17 de agosto de 1919 (ver o suplemento no fim do Livro de las Leyes de Vayu), tentativa que fracassa como organização, porém de cujo espírito a semente fecunda permaneceu em muitos corações e mentes de pessoas que hoje, todavia, se acham ligadas de uma forma ou de outra à obra do Mestre.
Um detalhe interessante, kabalisticamente falando, é que enquanto todas essas atividades se realizavam Cedaior vivia em “Olivos” e a sede de seu grupo em Buenos Aires estava na rua “Viamonte, 666”. Analisem: Via Monte dos Olivos – chave numérica 666: o número do Apocalipse, que tem longo comentário em seu livro.
Tal “Via-Monte” devia ser efetivamente cada vez mais a via-crúcis individual do Mestre, pois numerosas tentativas com espiritualistas locais, com "Henri Denil" (pseudônimo do Comandante Deuil) chefe do movimento europeu "Les Veilleurs" (dirigido por Gastón Revel) e autor de um belíssimo livro "Progres et Ordre" (comentários sobre a Sinarquia) e com muitos outros, levam Cedaior à seguinte conclusão: muitos acham a Doutrina "belíssima teoria", mas quando se trata de "largar os três centavos ou os três ladrilhos que possuem" para realizar algo em um ambiente novo... todos preferem suas casas, o biógrafo da esquina, a reunião de sua Loja ou grupo, uma vez por semana...
Cedaior fez uma viagem ao sul da Argentina (Chubut, Neuquén e até o Chile) para estudar várias coisas ao mesmo tempo:
1º) Astro-sismologia, ou seja, a previsão de fenômenos sísmicos mediante a Astrologia, ciência na qual chega a ser realmente notável, como veremos mais tarde;
2º) Verificar “in loco” a existência de certos remanescentes de velhas tradições entre aborígines. Mediante os dados que obtém, por um lado pelo Sr. Curutchet, de Buenos Aires, por outro lado pelo engenheiro Saurel - em Neuquén – e, finalmente, por um cacique de uma tribo de índios brancos de olhos azuis e cabelos quase ruivos do sul da Argentina, Cedaior reconstitui elos perdidos da tradição ameríndia e enlaça estes estudos com os que já fizera, “akasicamente”, sobre a Ilha Vayu (ou Ilha de Páscoa);
3º) Verifica o que lhe havia sido dito por seu Guru: que em certos pontos da Cordilheira dos Andes se estabelecem "centros de força" para o governo espiritual do Continente e que certos seres - uns humanos e outros dévicos – vão fixando sua atenção – ou, às vezes, sua residência – nos citados pontos.
Cedaior tenta a fundação de uma Colônia "Olímpica", ou seja, da Sexta Sub-Raça nas ditas regiões, mas como sempre o fracasso surge pela falta de colaboração dos "idealistas citadinos" que não querem deixar suas macias poltronas. E, sem dúvida, ele, o Mestre fez todas essas viagens a cavalo, a pé, como era possível, utilizando seu violino, com o qual se fizera outrora conhecido como grande concertista, como um simples meio de ganhar o pão e o transporte, tocando até em armazéns (barzinhos) dos Pampas ou da pré-Cordilheira.