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1º Patriarca CEDAIOR

A Venerável Figura do Mestre Cedaior (1872-1943)
(Compilação organizada por Thoth, 3º Patriarca da Igreja Expectante, a partir de biografia elaborada pelo 2º Patriarca, Sri Sevãnanda Swami, na obra “O Mestre Philippe, de Lyon”, Volume II, páginas 139 a 151, e publicada em La Iniciación, revista mensal do Grupo Independente de Estudos Esotéricos, editada em Buenos Aires, Argentina, numa série de sete artigos, com início em março de 1943.)

PARTE 1 de 6 - Publicada originalmente em Português no jornal oficial da Igreja Expectante, O Semeador da Nova Raça, AGO-SET/1978.

Meus queridos discípulos e amigos: vou propor-me a uma tarefa que reputo difícil e árdua. Entretanto, movido pelo amor e veneração, procurarei compilar dados o máximo possível para trazer à luz do conhecimento público os fatos da vida do Mestre Cedaior. A pretensão de executar este artigo é devido a este mês de agosto, dia 17, a Igreja Expectante completar 59 anos de existência. Como não poderia deixar de ser, vamos homenagear seu fundador e primeiro Patriarca relatando fatos e flagrantes de sua vida pessoal, numa rústica biografia pela qual de antemão peço as devidas escusas sem, no entanto, deixar de fazer o máximo esforço possível para atingir o objetivo. Segue um excerto do texto do Mestre Sevãnanda...


Em 1º de setembro de 1872, nascia em Valence (Departamento de Drôme, sul da França), não longe de Lyon, na casa que fora outrora do lendário Cavalheiro Bayard (le chevalier sans peur et sans reproche), e filho de Marie Delmas e de Eloy Cotet ou Costet, visconde de Mascheville (e mais outros títulos como: du Peuch, de la Chèvrerie, de Benhayes, etc., nessa família aparentada com os de Livron, de Taillfer, de Segur, de Narbonne, de Rastignac e outros). O nome “Cotet” vem, aliás, de um antepassado árabe: Abbon Cat, enobrecido, lá pelo ano 700, por motivos que meu pai e Mestre me contava, na minha infância, revolvendo velhos pergaminhos e brasões – junto com a do nosso antepassado que fora buscar na Inglaterra o Rei João-sem-Terra – quando o Príncipe Negro o liberou... De Cat: Cati, Coti, Cote, Cotet, etc.

O menino assim nascido chamou-se Albert Raymond. Não foi uma criança vulgar: aos 5 anos, certo dia em que a mãe ralhava com ele, reagiu exigindo “mais consideração que lhe era devida, desde aquele dia em que ela, mãe, o jogara nervosamente sobre a cama, quando ainda estava enfaixado e impossibilitado de se ‘defender’ na queda”. Já vimos que essa prodigiosa memória-consciência da meninice é típica dos que “não perdem a consciência” facilmente!

Era o mais velho dos filhos de um celta e de uma latina. O segundo, Daniel, de grande talento como pintor, faleceu relativamente jovem.

Com esses dados vamos primeiro tratar da vida, do homem, o que nos dará a compreensão da vida do Mestre, ou melhor: o preço que o HOMEM teve que pagar para poder trabalhar como INICIADO.

No seu lar paterno, em plena infância, passa pela oposição na sua precoce vocação musical, onde muitos meninos desistiam mediante tamanha dificuldade. Porém, o Mestre Cedaior mostra já a sua força de vontade e obtém, aos 9 anos de idade, as lições gratuitas do célebre violinista francês Charles Dancla, cujos métodos são de fama mundial. Revela em sua puberdade uma grande virtuosidade e, sobretudo, uma sonoridade e grande expressão interpretativa que permaneceriam para sempre como suas características de violinista.

Aos 13 anos de idade consegue “arrastar” seus pais a Lyon para obter, por recomendação de Charles Dancla, apoio para ingressar no Conservatório de Paris. Antes de partir de sua terra natal – a Valência francesa, que não fica longe de Lyon – ele tinha um amigo, mais velho que ele e que contava pouco mais de 13 anos.

Eu não me lembro, mas meu Mestre me assegurou, reiteradamente, que esse amigo dele, jovem químico chamado L. B. morreu lá pouco antes de o jovem Albert viajar e que esse amigo... sou eu...

E nessa idade, já lá em cima, as forças superiores começam a intensificar o trabalho para o seu desenvolvimento espiritual, pois foi nessa famosa passagem por Lyon que ele conheceu o Muito Excelso Mestre Amo Philippe.

Cedaior consegue, pois, antes dos 15 anos, ser enviado a sós a Paris. E na Cidade Luz não se deixou levar pelo superficial e pelo frívolo.

Para desespero de seus professores, toca nas noites, em orquestras de segunda categoria, a fim de ganhar o necessário para a sua subsistência. Leva essa vida durante alguns anos, até que obtém o primeiro prêmio do Conservatório de Paris e ganha logo, por concurso, a nomeação de professor do Conservatório de Nancy, posto que não assume.

Em 1890, aos 18 anos, já se interessa profundamente pelos assuntos místicos e passa a dividir o seu tempo entre eles e sua atividade artística, que cresce, pois já dá alguns concertos em teatros conhecidos de Paris, como o Trocadero, no qual debuta brilhantemente.

Em 1891 inicia voluntariamente o serviço militar, que se estenderia por quatro anos. Isso por razões econômicas e para poder arranjar colocação melhor em Paris. Relaciona-se nesta época com pessoas que influirão sobre sua carreira iniciática.

Já em 1895 vamos encontrá-lo no Egito, em missão oficial do governo francês, fazendo oficialmente estudos sobre os instrumentos de acústica das civilizações antigas. E ali também estava em missão especial das Ordens Martinista e Rosa+Cruz Kabalística.

Perto do ano de 1900 aumenta a sua atividade material, realiza várias invenções relacionadas com a música: surdina para violino, metrônomos, etc. E consegue sucessivamente elevados postos, chegando a tocar nos grandes concertos de Colonne, Lamoureux e, finalmente, na Ópera Cômica de Paris. Foi também uma época em que teve uma grande atividade Maçônica, Martinista e Kabalística.

Em 1906 vamos encontrá-lo com uma casa editora de música e de aluguel e venda de pianos. Era membro da Sociedade de Autores de Paris, assim como sua esposa, brilhante pianista e compositora com a qual se casara anos antes e de cuja união nasceu, em 1901, seu primeiro filho, Visconde Léo Alvarez Costet de Mascheville, o querido Sri Sevãnanda Swami.

Em 1910, desgostoso com a vida européia e os ódios raciais que já se manifestavam, embarca para a República Argentina, onde se faz conhecer como concertista e maestro. Funda conservatórios em Buenos Aires, Olivos e San Isidro, com sua companheira, e o casal chega a estabelecer rapidamente uma boa base material de vida.

Porém, em 1914, pouco antes do nascimento do seu segundo filho, o INICIADO começa a cativar cada vez mais o HOMEM e a situação material de Cedaior sofre as conseqüências do desprendimento assim motivado. E, ao toque do clarim, tudo confiou ao Criador: esposa, filhos, lugar... Porque acreditou no Dever e no Sacrifício... E em linda visão deparou com maravilhoso Ser, daqueles que mui respeitosamente chamamos Mestre, que, dirigindo-se a ele disse: “Cedaior, teu dever aqui está, e não lá (referindo-se à Europa). O teu lema deve ser: AMOR e SACRIFÍCIO em teu nome. Tudo o que é passado não virá mais a ti”. Era 1915 e desde então passa a receber e ensinar a Nova Doutrina.

Fazendo já quatro anos que dava Instruções, ensinamentos da Luminosa Lei de Vayu, que procura ativar o conhecimento da Reencarnação, e atravessando uma fase de grandes atividades e de estudos ocultos, publicou a sua famosa obra “Libro de las Leyes de Vayu” e em 17 de agosto deste ano de 1919 fundou, junto com um grupo de Discípulos seus, a IGREJA EXPECTANTE, a qual ficou registrada no referido livro.

Desfazendo-se do seu primitivo lugar, se lança sozinho a explorar região que o atraía: a Cordilheira dos Andes.

Em 1921 o vemos chegar a Mendoza, onde viverá modestamente de lições de francês e de música até 1924, data em que uma nova missão oculta o leva ao Brasil.

No Brasil começará o que se poderia chamar de a segunda fase da vida do Homem e do Mestre. Faz várias tentativas, que examinaremos detidamente mais tarde, de fundar colônias naturistas e “olímpicas” (isto é, sobre a base explicada em seu livro). Todas, por diversas razões, fracassam, e sempre é o mestre um dos que mais sofrem, material e moralmente, as conseqüências. Assim transcorre a vida de Cedaior, primeiro em Santa Catarina, depois no Paraná – onde conhece sua segunda companheira, futura mãe dos cinco filhos do seu segundo matrimônio – depois em Goiás, novamente no Paraná e finalmente no Rio Grande do Sul, onde passará os dez últimos anos de sua vida, com exceção de três, passados em São Paulo, no meio de lutas de toda espécie.

Tempos antes de sua desencarnação, já a espera e a anuncia aos que o rodeiam. Declara uns dias antes de sua morte, ainda com boa saúde: “terminei o que tinha que fazer por esta vez; vou dar uma olhadinha lá em cima e voltarei logo para continuar”.

No dia 12 dá suas instruções para depois de sua partida. No dia 14 aparecem os primeiros sintomas. Instala-se uma congestão pulmonar e segue a uremia. O seu tema natal “morrerás só e abandonado, longe dos teus” cumpria-se, pois, não obstante o carinho de sua segunda esposa e dos filhos desse matrimônio, bem como de certos de seus Discípulos, ele ficou “largado” nos corredores da Santa Casa, transportado pela delicadeza do Dr. Antônio Pereira Júnior à casa de saúde do mesmo, onde, por curioso conjunto de circunstâncias, expirou sem nenhum dos seus junto a ele. Que bela morte, sossegada e tranqüila!

O Venerável Mestre Cedaior passa suavemente ao outro plano às 16h55 do dia 22 de janeiro do ano de 1943 e uma forte chuva vem confirmar, na hora da entrega de seus despojos à terra, suas palavras de dias antes, de que “tinha que mexer um pouco em cima para interromper a seca”.

Vimos assim, sumariamente, a vida social e material do HOMEM. Veremos mais tarde a atividade do MESTRE, sobre cuja tumba ressoou, carinhosamente, a voz dos representantes da Loja Maçônica Moreira Guimarães do Centro Vivekananda; da Irmã Hipathia, representando o Soberano Delegado Geral da Ordem Martinista e sobre a qual se estendeu a mão amiga dos Veneráveis Mestres em seus primeiros passos iniciáticos desta encarnação e aos quais sempre SERVIU o melhor que pôde e ao preço de qualquer SACRIFÍCIO: Amo Philippe – Papus – Vayusattwa – Sédir. 


Que as Rosas floresçam sobre a Cruz
De tua tumba, como floresceram na Luz
Emanada de teu Sacrifício, de teu Coração,
E siga fecunda a trajetória de tua Missão.

OM et AMÉM.

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