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Conselhos aos Pais

Conselhos aos Pais

Por Sri Sevãnanda Swami, 2º Patriarca Expectante, em seu livro "O Homem, Esse Conhecido"

Crescer é o que se segue ao nascer. Vejamo-lo, sempre, desde o ponto de vista do ensinamento. Observem o enorme trabalho da criança de peito, seu esforço para sentir, lembrar e experimentar como se maneja esse novo corpo. Seu esforço por compreender e sentir todo este mundo que agora a rodeia. Por suportar todas as bobagens dos adultos que a embrulham em roupa excessiva, acostumam-na a ficar no colo, sacodem-na sem compaixão, beijam-na, apertam e a sujam com seus hálitos de cigarro, de bebidas alcoólicas, de cáries, ou com suas vibrações de paixões, ciúmes e ambições. Ninguém ou quase ninguém, infelizmente, tem a consciência do que é uma criança.

Enquanto é pequenina, é uma espécie de brinquedo que deve suportar os caprichos dos pais, empregadas, irmãos e outros, se nasceu em um lar no qual há tempo e dinheiro disponível. Se nasceu em um lar em que a luta pela sobrevivência impera, terá que suportar muitas vezes as impaciências, as faltas de atenção forçadas etc. E, não somente não se tem em conta suas reais necessidades físicas, não é vestida, nem trocada, nem alimentada nas horas e modos convenientes, senão que se lhe dão cedo verdadeiros venenos: caldos de carnes, até um pouco de bebida alcoólica etc. No que se refere às ideias e sentimentos, tampouco poderá ter, geralmente, as suas próprias, sendo obrigada a seguir as normas que se lhe impõem os "grandes", com suas inexperiências e seus caprichos.

Deixando de lado as babás que até excitam o seu sexo para mantê-la entretida, as mães que irritam o pequenino até que chore e então batem nele porque chora, ou as outras que cedem ao primeiro grito e fabricam as impacientes e mal educadas crianças que enchem as cidades, temos problemas mais profundos. E são estes: não é possível que uma criança "cresça" sã de corpo, de mente e de alma em lares nos quais a ira, a gula, a mentira, a separatividade, a brutalidade, o egoísmo e outros modos tão correntes hoje em dia são o diário viver. E não é mera questão de classe social ou posição financeira. Muitos casos tenho visto e ouvido de pais de posses e que se dizem cultos dirigindo terrivelmente mal "a geração de amanhã".

Esse modo de fazer as coisas, que é um duplo crime: contra a própria criança e contra a sociedade humana, tem repercussões também múltiplas: tais pais não poderão acercar-se à Realização Espiritual, se assim o estiverem pretendendo, enquanto não modificarem e repararem suas falhas à lei do amor. A criança, por sua vez, encontrará, mais tarde, dentro de si mesma, todos os traumas, as cicatrizes físicas, morais, sentimentais ou mentais - que lhe causaram com todos os ruídos estridentes, as palavras grosseiras ou ásperas, os gritos ou pancadas, as indiferenças e injustiças, a falta de cortesia e o aprendizado da mentira, do egoísmo e da ambição a que lhe tem submetido, sob o falso pretexto de fazer dele ou dela um homem ou uma mulher "capaz de lutar".

Enquanto não se veja a coisa pelo prisma oposto, teremos guerras: no próprio indivíduo, em seu lar, seu escritório, seu clube, sua nação. Já que todo o coletivo está construído por homens e mulheres que foram MAL educados e seguem educando e criando MAL os seus filhos, aos quais queiram talvez com amor animal e egoísta, mas não os AMAM de forma elevada, como o demonstra a sua conduta.

Desde o ponto de vista do ensinamento, o estudante, sem julgar asperamente a seus pais por isso, deverá examinar quais as sementes que trouxe do seu lar de criação, como as desenvolveu, quais as tendências, ímpetos, hábitos e complexos que elas lhe têm legado e formado. E que pense muito nisso, para que aprenda a contribuir na melhora da vida dos grandes e pequenos que lhe rodeiam, onde quer que seja, sob o aspecto que acabamos de considerar.

E que se lembre também que sem a educação religiosa, seja ela qual for, sempre que seja pura, ampla e humana - a mesma criança terá que lutar muito, mais tarde, para poder orar, humilhar-se, aceitar a vida e não se transformar num rebelde, indiferente ou um cínico.

O que a criança necessita é ter a sua volta: amor, com método e compreensão nos cuidados. E, mais que tudo: EXEMPLOS. Que veja os pais "viverem" o carinho, a amplidão, a mansidão, a devoção, o amor aos semelhantes, a utilidade coletiva e o próprio progresso. Então, por emulação e por ambientação, desenvolverá bem o melhor que traz em si mesma.

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