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O crime de Judas foi mesmo surpresa para o Divino Mestre?

O crime de Judas foi mesmo surpresa para o Divino Mestre?

O Muito Excelso Mestre Philippe teve um círculo íntimo. Entre outros, Papus, Sédir, Phaneg e JEAN CHAPAS. Este querido e humilde discípulo continuou os trabalhos de cura após a partida do MEM. Dos ensinamentos dele extraímos sua análise a respeito do "traidor" de Jesus...


Judas, deveríamos deixá-lo fora de toda apreciação, pois, qualquer que tenha sido o seu crime, ele nos ultrapassa, não sendo um homem comum.

Os Apóstolos que cercavam o Cristo não pertencem à nossa humanidade. O que Eles são? Pouco importa por ora. Eles não são como nós, e não nos cabe julgá-los. No entanto, não foi o próprio Cristo quem disse: “Não fui eu que vos escolhi, os doze? E um de vós é um demônio!” (São João VI – 70).

Ainda que Judas tenha sido um demônio, por sua estatura, repito, ele nos ultrapassa, e, para melhor exprimir o que eu gostaria que compreendessem, peço-lhes que escutem este exemplo, tendo em conta que os fatos são essencialmente diferentes em sua natureza e em sua importância.

Suponham que sejamos soldados e que, entre os oficiais que nos ensinam o serviço militar, um deles cometa uma falta com relação ao Coronel, uma grave falta referente ao serviço. Que soldado estará autorizado a repreendê-lo? Acreditam que os outros oficiais o permitiriam e que o próprio Coronel o admitiria?

O mesmo se aplica a Judas. Não o julguemos – evitemos falar de seu crime, sem o que teremos de prestar contas por isso, e é bem possível que nós mesmos sejamos um dia expostos a trair um amigo. Tampouco devemos desculpá-lo ou querer explicar tudo pela predestinação, que não rima com nada. Judas, como todos os Apóstolos e como nós mesmos, tinha seu livre arbítrio e seu destino, e já não lhes explicamos como somos nós mesmos que construímos nosso próprio destino? Pois bem, isso é igual para todos os seres qualquer que seja a sua classe ou o seu papel.

Acrescentarei, porém, de passagem, que os Chefes, tal como os Homens livres, não têm destino, pelo menos que lhes seja próprio, mas, logo que eles vêm para o meio de nós, eles têm sempre uma sacola, e, nesta sacola, um destino que eles fizeram seu.

- Há padres que têm um verdadeiro ódio contra Judas, e que pretendem que ele seja o único a respeito do qual se pode estar seguro de que não será nunca perdoado, disse alguém que presenciava a palestra.

- Seria muito difícil amar Judas, respondeu Chapas, mas não temos o direito de julgá-lo mais do que a um outro. Observem que nos Evangelhos não há a seu respeito uma só palavra de ódio. Nem Nosso-Senhor, nem seus Apóstolos manifestaram com relação a ele um sentimento que se possa assimilar, de perto ou de longe, ao ódio. Tentemos nisso, como em tudo, seguir o exemplo do Mestre e de seus Amigos.

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