Por Sacerdote Gérard, coadjutor do Matriarcado
“A Igreja Expectante será uma igreja minoritária”, vaticinou o Mestre Cedaior diante de oito ilustres testemunhas, no ato de fundação da nossa Egrégora, em 17 de agosto de 1919. Entre os cofundadores, seu filho Jehel, mais tarde Sri Sevãnanda Swami, 2º Patriarca Expectante. Foi o Mestre Sevãnanda quem transmitiu esta passagem a Thoth, o 3º Patriarca. E o que Cedaior antecipou se confirma a cada edição anual do Encontro Expectante, em Corpus Christi, e também a cada reunião presencial ou virtual dos Núcleos: a Igreja Expectante é uma igreja para pequenos grupos.
Mas por quê? Afinal, o que o insigne 1º Patriarca Cedaior quis dizer com “minoritária”? Queria ele posicionar o Expectantismo como um reduto elitista, segregador, apartado? Colocar a Igreja Expectante em um pedestal inalcançável? Esnobar ou desrespeitar as demais santas organizações religiosas e veneráveis ordens? Afirmar que o nosso raio de luz não seria “para o bico de qualquer um”? Claro que não! Nada disso.
Com a célebre afirmativa, naquele momento solene, Cedaior, ao mesmo tempo, nos prevenia e instruía: estava nascendo uma igreja nada fácil de seguir. Simplesmente porque não vende indulgências e não promete nada a ninguém. Uma igreja assim concebida (e recebida), por sua própria natureza, jamais será voltada às multidões. Sim, aqui o indivíduo é amorosamente acolhido, estimulado e ensinado a combater e dominar os seus próprios dragões. Luta sem fim que só ele mesmo pode empreender. Mas logo percebe que a tarefa é hercúlea, pois ser um Expectante é olhar para dentro e enfrentar o egoísmo, o orgulho, a vaidade, presunção, e toda sorte de baixezas humanas, colhendo pequenas, mas animadoras vitórias a cada batalha honesta. Ser um Expectante é empregar com inteligência e denodo as inúmeras oportunidades de AGIR, no dia a dia, em favor do próximo e na vigilância sobre si mesmo.
Deste ponto de vista, pensando bem, dá para compreender por que a maioria, por preguiça ou falta de real vontade, se entrega à conveniência e comodismo de crer que a “salvação” será alcançada com o recolhimento regular de alguma contribuição financeira, ou com a frequência periódica a cultos, rituais e celebrações. Como se fosse possível negociar vaga no Céu ou comprar a Realização... “Quanto mais ignorante o fiel, mais fácil de ele ser explorado”, advertia o Patriarca Thoth, que partiu para o outro lado do véu em 11 de maio de 2009.
Ou seja, se o candidato não é um ser livre, perseverante e atento, e não faz de cada pensamento, palavra ou ato um elemento de persecução da pureza, logo se afastará, e provavelmente sairá culpando a igreja (na qual se encostou) por seus fracassos e frustrações. Se o aspirante não tem a capacidade de vencer o seu ódio, sua inveja, fatalmente vai acabar acreditando que alguém poderá fazê-lo por ele. Ledo engano das criaturas de pouca fé e devoção! Em matéria de espiritualidade, só aquele que tem a coragem e determinação de procurar no espelho as suas iniquidades poderá um dia chegar a ser alguma coisa, pequena, e assim ter maior utilidade para o Plano.
“Muitos foram aqueles que se me aportaram com a ganância necessária de usurpação de poder. Todos foram naturalmente rechaçados pelas forças superiores”, relatava Thoth. Lamentável, como ele mesmo constatava, “é ter tanto para ensinar e não ter ninguém que queira aprender”. Com tristeza no olhar, o Mestre invariavelmente corrigia-se a tempo: “Ter... Até tem... Querer... Até querem... Mas com limitações, sem verdadeira entrega”.